quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Camden Town ou Britsh Museum?

Londres, 00:53, Hostel esqueci o nome

Estamos na cozinha, que fica no subsolo do Hostel. Uma pessoa bizarra está sentada na mesa com a gente, comendo maçã, lendo livro e mexendo no laptop. Parece uma figura tirada de um filme de ficção científica alemão. Em outras mesas há pessoas de tudo quanto é nacionalidade, todas falando milhares de línguas. Parece que quase todo mundo se conhece.
Na sala ao lado, outras pessoas estão vendo um filme qualquer, juntas. Nunca vi um hostel tão badalado.

A figura bizarra da nossa mesa se levanta e vai embora. Embora ela seja, de fato, bizarra, é possível encontrar do tipo em Niterói. Eu mesmo já vi algumas vezes. Agora, algo que eu não havia visto nunca na minha vida, foi o que nós vimos ontem em um Starbucks próximo a Tate Modern Gallery.

Estávamos sentados, bebendo um chocolate quente, quando olhamos para o lado e vimos uma pessoa de duas cabeças. Tempo para raciocinar.............

Ok, são gêmeas siamesas. Então, você olha para a cara da pessoa que está com você e percebe que ela também está perplexa. Daí, você pensa: eu já havia visto isso na minha vida? Começa a procurar na memória... procura, procura... e chega à conclusão de que, embora seja algo que você já tenha ouvido falar, visto imagens, lido sobre.. não, você nunca havia visto ao vivo, na sua frente, andando e dialogando entre si.

Era o corpo de uma pessoa, com um tronco um pouco mais largo, mas o resto, do pescoço para baixo, normal. Duas pernas, dois braços e... duas cabeças! Conversando uma com a outra! Todos ao redor parecem não notar. Mas nós também parecemos. Será que eles também disfarçam tão bem como nós? Você torce para que sim. Isso diminui um pouco o sentimento de caipira do terceiro mundo que vem logo depois.

Enfim...

O segundo dia em Londres começou com uma visita a St. Paul Cathedral. É algo grandioso. Não, isso é pouco. É algo gigantesco. Não dá para se ter idéia. É uma cathedral com uma altura, tipo, de 100 metros. Com uma cúpula também gigantesca.
Fazia um frio e um vento ingratos. A temperatura foi a menor até agora. Zero grau, menos um, menos dois... com o vento e a chuva tornando tudo mais difícil.

Entramos na catedral e vimos os preços. Será que nós somos reconhecidos como estudantes no primeiro mundo? "Excuse me, hello, we are from Brazil and we'd like..." - "Ah, vocês são do Brasil? Eu também". Pronto, tudo resolvido. Jeitinho brasileiro é jeitinho brasileiro em qualquer lugar do mundo. A japa brasileira moradora de Londres nos colocou para dentro por um preço de estudante. "Sou de Mogi das Cruzes, e vocês?" - "Rio!" (niteroiense nunca assume a verdade quando está fora do Rio) - "Ah, o Rio é lindo. São Paulo é horrível, mas o Rio é lindo!"...

E lá estávamos nós conhecendo por dentro a catedral onde se casou a princesa Diana. Lá estão enterrados na cripta, onde também é possível visitar, o poeta William Blake, o pintor Turner e os personagens britânicos históricos Admiral Lord Nelson (aquele que tem uma coluna, tum tum pá) e o Duke of Wellington. Depois, você pode encarar mais de 500 degraus de escada e subir próximo até o ponto mais alto da catedral, para ter uma impressionante vista da cidade. Fotos, fotos, fotos... frio, frio, frio... vento, vento, vento. No final, valeu a pena.

Depois, atravessamos a millenium brigde, uma ponte exclusiva para pedestres, e fomos para a Tate Modern Gallery. O museu é sensacional. No primeiro andar, você pode entrar na Turbine Hall, uma imensa caixa escura... daí você não entende absolutamente nada do que é aquilo. Vai até o fundo, com medo de cair, porque é breu total. Então, olha para trás e percebe que, do fundo, você vê somente as sombras das pessoas entrando. É um efeito visual interessantíssimo.

Nos andares acima, obras de kandinsky, Klée, Picabia, Picasso, Monet, Warhol, Oiticica, Miró, Pollock.... Não há apenas pinturas na galeria, mas também diversas instalações. Uma das mais divertidas é uma mesa e cadeiras de madeira em um tamanho desproporcionalmente grande. É como se fosse uma mesa de jantar para gigantes. Muito legal.

Depois de um tempo, você acaba se cansando de andar. No Brasil, ou em qualquer museu do terceiro mundo, você não vê a hora de chegar naquele quadro do Picasso, que você nunca viu em nenhum livro. Aqui, você passa cansado pelas salas, falando tipo, "Monet, Pollock, bla bla, Kandinsky... tô cansado, vamos embora?". E eu quero dizer o que exatamente com isso? Nada, whatever. A verdade é que só de pensar no Louvre já dá um cansaaaaaaaço.

Depois fomos em London Bridge, comemos fish and chips com a cerveja belga Stella bla bla bla (deliciosa, por sinal), vimos uma bela catedral gótica que era muito frequentada por Shakespeare, and then, back, direto para casa. Ah não. Vimos, também, por fora, a Tower of London, uma fortaleza gigante. Mas já havia fechado.

Back home, mais um ótimo jantar com nossos amigos, e depois, dormir.

Vamos lá, terceiro dia, sem mais delongas.

Resumo: não fomos ao British Museum, mas fomos a Camden town. O que vale mais? E faz algum sentido essa pergunta?

Acordamos tarde. Finalmente! Passeamos muito bem por Londres. Não fomos a nenhum ponto turístico. E talvez tenha sido o melhor dia de todos. Andamos muito e pegamos um ônibus do sul até o norte da cidade, onde está localizado o hostel em que agora estamos. A vinda para cá foi o resultado de um dedicado estudo estratégico, desenvolvido ao longo de dias por Mayra. O motivo é que amanhã vamos pegar o Eurostar para Paris às 6:55 da manhã, e o hostel fica praticamente do lado da estação.

Enfim, hoje vimos Londres de verdade. E ainda sobrou tempo para Camden Town, um lugar divertidíssimo. Pena que só chegamos tarde, e grande parte das lojas alternativas estavam fechando.

To cansado, vou dormir, amanhã acordo cedo. Amanhã vamos para Paris.

Um abraço

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